Tem uma máxima que diz que “cidade desenvolvida não é aquela em que os pobres andam de carro, mas aquela em que os ricos usam transporte público”. Há uns vinte anos, a gente ainda sonhava que Salvador poderia se tornar essa cidade desenvolvida, com um transporte de massa bem idealizado, eficiente e efetivo, que interligasse bem essa grande metrópole e que, principalmente, desincentivasse o uso do carro particular em prol do transporte público. Tragicamente, sem um projeto cuidadoso, moderno e de longo prazo de cidade; em pouco tempo e, de forma brutal e irreversível, deixamos escapar o grande salto da mobilidade urbana que nos alçaria a um futuro mais digno e promissor, pensado na qualidade de vida das pessoas e preservando nossas paisagens originais.
Se Salvador nunca foi uma cidade amigável para o pedestre e o transporte público era crítico; hoje, após questionáveis intervenções, o cenário piorou pro próprio pedestre, o transporte público segue em crise e não evoluiu como deveria, em consequência, o abarrotamento de carros nas ruas já chega a níveis insuportáveis (e só aumentará) e, agora, temos uma cidade cimentada, apartada e açoitada.
Limitados metrôs suspensos (que quase sempre te obriga a pegar ônibus) e elevados de concreto para passar ônibus em cima em nossas principais vias; estações gigantescas pro povo ver; cimento; viadutos; longas e elevadas passarelas, a muito custo urbanístico, ambiental e paisagístico está longe de ser uma evolução. É retrocesso, desintegração, segregação e divisão do espaço público; é ainda mais trânsito, falta de segurança, urbanidade e liberdade para as pessoas. É um cenário colapsado que já nos condena a diversos fracassos e não um catalisador de um desejado progresso urbano.
Não estamos afirmando que não houve alguma evolução no transporte público com o que já foi feito. É que a gente sabe não há rigor financeiro nessas obras e que é uma falácia afirmar que “se fosse subterrâneo seria bem mais caro”. Comparemos às similares obras estrangeiras. A gente paga caviar e come sardinha todos os dias.
Os desafios da mobilidade urbana são enormes mas poderiam ser resolvidos de forma mais inteligente, modesta e eficiente. Estamos na contramão das boas cidades do mundo. Enquanto eles destroem viadutos para fazer subterrâneo, a gente concreta mais e mais e condena nosso futuro. VLT’s, uma rede de ônibus, bondes elétricos no solo, com trilhos que se integram à cidade, sem construir muros, seria uma solução que não agrediria e respeitaria a paisagem urbana soteropolitana.
As nossas duas esferas de governo deveriam disputar por obras modernas, econômicas, necessárias (o desnecessário novo Centro de Convenções ao lado de outro que o diga), e não por verdadeiros elefantes brancos, que quanto mais visível e agressiva ao espaço urbano, parece ser melhor. Obras eleitoreiras. É desesperador não termos um projeto de estado, de município, sério e a longo prazo, mas meros projetos de governo transitórios. Isso também é o retrato do distanciamento dos agentes políticos das ruas, do dia a dia das cidades, do viver como povo, e não em mundos nababescos e realidades paralelas.
E com esse grito estridente e eterno na paisagem e tecido urbano soteropolitano, a gente enterra o nosso sonho feliz de cidade.
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