Cidade da Musica da Bahia

Cidade da Música da Bahia, o que esperar do espaço símbolo da “Cidade da Música”

Antes de falarmos nossa opinião sobre o espaço Cidade da Música da Bahia é preciso pontuar sua importância como principal símbolo do título “Cidade da Música” que Salvador obteve da UNESCO, título esse que, a cada período estipulado, é renovado. Talvez, se não fosse esse peso e acompanhamento internacional, o saudoso Casarão dos Azulejos Azuis, há décadas em ruínas, não teria sido restaurado em um tempo louvável. Mas não houve economia de recursos para isso, bem como para a criação do museu, segundo dados oficiais, a conta saiu por 19 milhões de reais (!).

Repetindo a mesma fórmula da Casa do Carnaval da Bahia, o talentoso idealizador Gringo Cardia abusou dos recursos audiovisuais em quase todo o espaço. No primeiro pavimento, há estações interativas sobre bairros da capital e suas músicas (verificamos Imbuí e Pituaçu com erro), Sala com depoimentos de artistas sobre a cidade e a Sala de Projeção, que é bem legal para sentar e ver, de forma aleatória, o conteúdo do museu.

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No segundo pavimento, as estações contam a história dos nossos principais artistas, mas não se limitam aos cantores e à nossa música. Tem espaço para escritores, poetas e vídeos musicais de prêmios da música brasileira (com artistas que não são da Bahia) e até da produtora Macaco Gordo, facilmente encontrados no Youtube…. qual seria mesmo o propósito disso? A Sala Magia da Orquestra homenageia a Orquestra Sinfônica da Bahia, especialmente, os seus instrumentos – os mesmos em qualquer lugar do mundo -, feche, pelo menos, os olhos para uma experiência mais sensorial. Outras salas exibem a música que nasce nas periferias, novos talentos e nomes já consagrados.

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O terceiro pavimento conta com uma Karaokêteca (para cantos bem sem graça de karaokê) pelos visitantes, Sala Rap Trap (para batalhas de rap e trap), Cabines Interativas – Mixagem (bem legal essa!), História da Percussão, Música e Educação, Sala Percussão e a Sala Rumpilez (a mais original, por proporcionar, finalmente, um contato ao vivo com nossos instrumentos e os seus sons). No térreo, há uma biblioteca e o Café Mãe.

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O museu possui uma qualidade visual extraordinária, a atenciosa equipe de funcionários é um dos pontos altos, com roupas que ora lembram o Cortejo Afro ora os Filhos de Gandhi. É realmente grandiosa a quantidade de conteúdo a ser visto e consumido através de telas, mas a maçante forma audiovisual cansa e limita a experiência devido também ao uso obrigatório do celular em quase todos os momentos (há uma falha no atual sistema em que é preciso reinserir os dados a cada saída de estação). Não há fones de ouvido individuais, o que compromete a qualidade dos conteúdos exibidos, principalmente, se o local estiver cheio. No segundo andar, as cabines são mais isoladas, o que proporciona uma melhor absorção do material apresentado.

É fato que, por ser excessivamente audiovisual, o museu não proporciona um contato real, próximo e mesmo encantador com as diversas vertentes emocionantes da música de Salvador e da Bahia. É uma lástima também que ele não tenha sido projetado para uma segunda ou terceira língua (nenhum dos vídeos apresentados é), visto que, por estar às margens do Porto de Salvador e ao lado do Mercado Modelo, há um trânsito considerável de estrangeiros. A música, por si só, já tem um enorme apelo, em que barreiras linguísticas ou de estilo passam a ser secundárias. Mas, infelizmente, seja o turista nacional ou estrangeiro, ou o próprio baiano que queira ouvir ou simplesmente sentir a música visceral, que brota das entranhas dessa terra não será uma tarefa tão fácil. Ele terá que adentrar em um emaranhado de teorias, telas, comandos e cápsulas para ouvir algum distante tum tum tum baiano.

Por fora do casarão, que seguirá com as janelas eternamente fechadas, uma leve melhora ou a famosa “maquiada” nos seus arredores. Um lixão foi camuflado, umas faixas sinalizadas (que nada duram) no asfalto. É assim que a banda toca.

Ingresso: R$20 e R$10 (para moradores de Salvador).

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