O Dia de Iemanjá no Rio Vermelho

Definitivamente, o 2 de Fevereiro, o Dia de Iemanjá, em Salvador, não mais se limita a um único tipo de comemoração, a um único dia de festa, a um evento isolado num bairro da cidade. E isso não se deve apenas ao recente reconhecimento da festa como Patrimônio Cultural de Salvador, que promoverá ações para o fortalecimento e preservação das tradições, dos saberes e fazeres ligados à manifestação. Ou à recente notoriedade da festa por “famosos”, que, a cada ano mais, vêm renovar suas fés, ritos por aqui ou apenas pelo hype entorno dela (notoriamente, bem mais provável). Se deve, essencialmente, pelos seus números, grandeza e proporções.

A Festa de Iemanjá não mais acontece apenas no 2 de Fevereiro no Rio Vermelho. Acontece em eventos paralelos em outros pontos da cidade. Para além da infraestrutura que começa a ser preparada dias antes, a noite de 1º de fevereiro já corresponde a uma (nova) parte considerável da festa, que se fundindo na alvorada, no nascer do sol do dia 2 de fevereiro, já faz iniciar o grande dia com contornos (ainda mais) esotéricos e estratosféricos. Centenas de pessoas, muitas flores, muita música, danças, sambas de roda, ijexás, tambores, velas, atabaques, balaios, crenças, banho de mar, saudações, rituais e celebrações madrugada adentro. Tudo muito grande, fluido, junto e misturado.

E, assumindo essa realidade cada vez mais entranhada, solidificada e pujante, que estejamos preparados para lidar com todas as suas vertentes, tanto a de fazer acontecer essa festa à altura da sua grandeza para aqueles que buscam seus intuitos mais profundos ou superficiais, para aqueles que trabalham nela, dos importantíssimos catadores de latinhas, aos vendedores ambulantes, essa massa de trabalhadores e famílias que, como no carnaval, dormem nas ruas para fazer a alegria de tantos. E para toda a coletividade. Limpeza nas ruas é o primeiro anseio de todos. E, no mar, o da anfitriã da festa.

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