O tramo 3 do metrô de Salvador | Pensar Salvador

Se as nossas salas principais (Av. Bonocô, Av. Paralela, Av. ACM, Lucaia, Av. Juracy Magalhães) já estão do jeito que estão, quem iria se importar com o hall de entrada, a BR-324? Não que ela não seja importante ou que a chegada a Salvador fosse algo menor, mas também aqui não merecíamos mais um conglomerado enorme de concreto diante dos nossos olhos e em cima das nossas cabeças, afetando de forma irreversível a paisagem da nossa cidade e as empresas que ali estão instaladas. São dois trambolhos colossais cruzando a BR-324 por cima, fora as laterais com longos e pesados trechos de concreto suspensos. Atentem à rota: no sentido CIA, a linha 3 suspensa do metrô começa do lado direito da BR, cruza por cima, segue no lado esquerdo, cruza novamente por cima, e retorna para o lado direito até Águas Claras. Não sabemos o motivo desse duplo cruzamento sem sentido, em vez da linha seguir apenas pela margem direita da BR-324.

Importante pontuar que não podemos avaliar, ainda, como será essa nova realidade em Salvador, com a rodoviária saindo do centro e se instalando no bairro de Águas Claras, e quase que obrigando a população local e pessoas de fora a utilizarem esse tipo de transporte. Não sabemos se isso, de fato, será bom ou ruim. Porém, junto com outras intervenções equivocadas não pensadas para o bem-estar das pessoas e o futuro da cidade; já é mais que sabido e notório que a retirada forçosa do pedestre das ruas para colocá-lo tanto em suspensas passarelas, como em elevados de concreto, a muito custo social, urbanístico, ambiental e paisagístico está longe de ser uma evolução. Sequer deveria ser opção numa cidade que clama por vida, urbanidade, segurança e convívio nas ruas. Andar pelos “ares” em elevados de cimento é menos acolhimento, segurança e liberdade para as pessoas, é mais desintegração, segregação e divisão do espaço público. É um cenário que não favorece, de forma alguma, boas perspectivas de futuro e vida.