Outra vez nos deparamos com uma revista estrangeira citando Salvador. Dessa vez, a revista portuguesa UP, num texto nostálgico e lânguido sobre a Lagoa do Abaeté. Confira.
Um desvio para o Abaeté
“Pensava em Itapuā. Nunca tive planos para visitar um lugar que existia numa canção por haver nisso beleza suficiente. O nome da terra, a voz de Toquinho eram suficientes para idealizar uma espécie de perfeição à beira-mar; perfeito demais para haver na terra. Mas fui a Itapuã. Uma manhã e não numa tarde como na canção. […]. Era cedo, um inverno morno, o areal quase vazio, onde imaginei figuras míticas a passear: Vinicius, Dorival, João Gilberto, Toquinho, Jorge Amado. Todos iam para Itapuã e ali estava eu perto das ondas da maré vazia […] um farol, habitantes, a estátua de Vinicius – achei-a triste.
Fui a Itapuã, mas ver Itapuã não matou o lugar que há na minha cabeça. Ele mantinha-se mesmo comigo ali, a Itapuã real e a imaginada a encaixarem-se numa nova Itapuā, a do “dia para vadiar” e a daquela manhã com o rapaz a carregar cadeiras para a praia ganhavam uma dimensão nova, como se estivesse a entrar numa ficção […]. Sem enganos a não ser os da imaginação, e essa não engana, dá alternativas ilimitadas. Eu com estes pensamentos sem ordem e o taxista sugere uma paragem no caminho de regresso. “Não pode vir aqui sem ver isto”. Depois de um desvio por uma ladeira íngreme lá estava o que nunca pensei ver. Uma lagoa de água escura rodeada de areia branca. O verde escuro da mata, em contraste com a claridade das dunas […]; homens a pescar, um cavalo que entra na praia, solto, e que para mim só podia ganhar asas porque para cavalos alados teria de ser ali. A Lagoa do Abaeté. Existe, e dela contam-se se histórias trágicas. “Se mergulhar a areia pode comer você”, dizia-me o taxista. Não sei se assustado ou para me assustar, enquanto ia narrando tragédias, gente que desapareceu para sempre naquele lugar encantado e assombrado que o nome significa horror. Um horror dunar, que engana de tão sedutor. Aos olhos é idílico. O cavalo corre nas dunas, não ganha asas, relincha atrás da mãe. No Abaeté as águas podem comer gente, mas à superfície, tudo normal, se a normalidade fosse perfeita.”
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